Todo o cristão bíblico entende a suprema importância da suficiência das Escrituras. Nesses dias tão confusos, nunca podemos se deixar levar pelo subjetivismo e outras tendencias relativistas. A opção pela suficiência das Escrituras, os 66 livros da Bíblia Sagrada, nos dá segurança doutrinaria. Em seus ensinos repousa os fundamentos da nossa fé. Por quê? Porque são os ensinos diretos de Cristo e dos apóstolos.
Alguns argumentam que não há nas Escrituras um texto que prove serem os documentos canônicos como suficientes para nossa fé e pratica. Porem isso é um engano por aqueles que tentam justificar que novas revelações e tradições podem ser acrescentadas ao conjunto dos documentos bíblicos inspirados e podem servir como autoridade em questões doutrinarias.
Claro que o cuidado pela mensagem do evangelho, e a importância de sua pureza se dá por razões obvias. A glória e a incorrupção é o teor do evangelho (I Timóteo 3:10) pelo evangelho se descobre a justiça de Deus (Romanos 1:17) e o poder de Deus (Romanos 1:16) nele também descobrimos a lei de Cristo (Gálatas 6:2) o ser uma nova criatura (Gálatas 6:15) e acima de tudo, o evangelho nos ensina a andar no Espírito, viver no Espírito e frutificar no Espírito (Gálatas 5:22 a 25 com João 15: 1 a 8) Ou seja, aprendemos a semear no Espírito para colher a vida eterna(Gálatas 6:8)Todo o plano de salvação para resgatar o homem pecador se encontra no evangelho (II Coríntios 5:21 João 3:7 Romanos 3:23 etc.)
Leon Morris afirmou algo que é verdadeiro no contexto da autoridade suprema das Escrituras: “A Biblia foi o único livro que Jesus citou e isso nunca como base para uma discussão, mas para resolver uma questão” O novo Testamento segue na mesma linha de inspiração (II Timóteo 3:16) a importância da pureza do evangelho foi um tema abordado por Paulo, e essa pureza só pode ser achada na sua fonte original, o Novo Testamento “Isto é, o Espírito Operando no coração dos crentes, dá testemunho de que a doutrina do evangelho, anunciada pelo Espírito é verdadeira” (Compendio de teologia Apologética, Turretin, Pagina 157).
A minha conclusão pessoal é que o Evangelho inspirado pelo Espírito Santo, fala na voz audível e pura de Deus, outro evangelho na voz confusa do espírito do erro. Portanto devemos entender que Cristo proclamou a Palavra de Deus como a essência fundamental da verdade (João 17:17) Pedro ensinou que ela tem duração eterna(I Pedro 1:15) e o salmista escreveu que ela não pode mentir (Salmos 19:8 e 9)
Quando Paulo escreve aos Gálatas, ele adverte “maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou a graça de Cristo para outro evangelho”(Gálatas 1:6) então ele prossegue “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho alem do que já vos tenho anunciado, seja anátema”(Gálatas 1:8) e então ele repete a advertência “Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”(Gálatas 1:9) Paulo colocou um limite na mensagem do evangelho.
Está claro pela leitura do texto, do contexto e de todo a epistola aos gálatas, que a existe sim um limite. O evangelho que foi anunciado por Cristo que está associado com a graça de Deus (Gálatas 1:6) o evangelho da graça de Deus é o evangelho de Cristo (Filipenses 1:27) e anunciado por Paulo encerra os limites da revelação do evangelho, não se pode ultrapassar essa mensagem, de outra forma, o resultado é outro evangelho.
Ora foi o próprio Paulo que estabeleceu que ninguém pode por outro fundamento, além do que já foi posto (I Coríntios 3:11) então toda estrutura doutrinaria das epistolas paulinas estão sendo sustentada pela pedra angular que é Cristo (I Pedro 2:7) É nessa pedra que o cristão fundamenta a sua fé, não em uma igreja, não em uma denominação, mas em Cristo, é de suprema importância que entendamos isso. (Mateus 7:24 e 25) Isso Paulo mesmo confirma aos Gálatas “Porque não recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”(Gálatas 1:12). Em outra parte parece que Paulo segue ensinando o mesmo principio aos Corintos, a não ir além do que está escrito (I Coríntios 4:6).
Essa era a tendência da ortodoxia judaica, o eunuco lia as escrituras e os bereanos consultaram as escrituras.(Atos 17:11 e Atos 8:27 e 28). Não a tradição ou a opinião dos sacerdotes., mas as escrituras, e assim fazia Cristo também(Lucas 4:14 a 20). Os apóstolos seguiam essa regra. Isso é muito claro nas paginas do Novo Testamento.
Paulo coloca os limites. Os Galacianos estavam infectados com falsas doutrinas, acréscimos sobre o evangelho de Cristo, o legalismo, a circuncisão, esses acréscimos adulteravam a mensagem original, e o resultado era: outro evangelho. Esse é contexto espiritual da epístola aos Gálatas. Paulo estava advertindo: O ensino de Cristo somente, e onde vamos encontrar esse ensino? No evangelho por Ele pregado, e onde estão eles? Acaso não são chamados os quatro evangelhos, exatamente de evangelhos? O que contém esses evangelhos? Os ensinos de Cristo e a mensagem das boas novas. Então Paulo desenvolve toda a sua estrutura doutrinaria encima dos ensinos de Cristo, é um progresso até chegar a perfeição (I Coríntios 13:10). É através e Pulo que vimos o progresso do evangelho, primeiro pregado a Abraão (Gálatas 3:8) ele é o pregador do evangelho aos gentios (Gálatas 2:2) ele chama seu evangelho, de evangelho da incircucisão (Gálatas 2:7).
O evangelho sendo as boas novas de salvação tem Cristo como o centro de todo o Novo Testamento, não há espaço para mais ninguém, a doutrina neotestamentaria, o evangelho que Paulo anuncia tem Cristo como o centro (Veja Efésios 1:10) é o evangelho da justificação pela fé (Gálatas 3:11 e 22). Essa é a mensagem do verdadeiro evangelho.
Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu. Pregasse algo que fosse diferente deveria ser rejeitado. Paulo insiste nessa regra sob pena de maldição aos transgressores. Algo poderia ser mais claro.? Paulo colocou limites, e ensina o ensino puro de Cristo e a obra de redenção efetuada por ele na cruz é a essência do evangelho.
A igreja cristã nos primeiros dias de existência em Jerusalém era enfática sobre isso. Veja que da boca de Pedro, foram proferidas palavras cristocêntricas, e nem um passo alem ele ousou dar, mencionando outro nome com aspectos salvíficos.
O evangelho do Novo testamento, que é a totalidade do ensino de Cristo registrado e conhecido por Paulo, e as palavras de Paulo registrada em suas epístolas e os outros autores trilham esse caminho estreito: Cristo único Senhor e Salvador. Não há como refutar isso, Pedro não via uma encruzilhada espiritual, era totalmente cristocêntrico, esse era a planície das bênçãos espirituais do verdadeiro evangelho. “Para quem iremos nós? Tu tens a palavra da vida eterna”(João 6:68) seu primeiro sermão faz um eco eterno.
Esse é o evangelho do Novo Testamento; “Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhuma outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”(Atos 4:12) quem pode refutar isso? Só quem não acredita na autoridade das escrituras e atropela as advertências de Paulo em Galatas 1.
Nem mesmo Paulo tinha essa autoridade para acrescentar algo “Ainda que nós mesmos”(Galatas 1:8) isso significava alguém com titulo ou credencial apostólica. Com certeza, surgiu gente com essa pretensão, parece que na Igreja de Éfeso, surgiu alguns pseudo apóstolos, e porque foram desmascarados? Não seria por causa da mensagem? O que eles pregavam não estava de acordo com o que Cristo pregava. (Veja Apocalipse 2:2) Cristo disse: “Vinde a mim”(Mateus 11:18) Afirmou ser: “o caminho, a verdade e a vida”(João 14:6) a porta (João 10:9) “A resplandecente estrela da manhã”(Apocalipse 22:13) “o Alfa e o Omega” (Apocalipse 22:13) “É a luz do mundo” (João 12:46) “é a ressurreição e a vida” (João 11:26)”É o bom pastor” (João 10:14).
Temos que entender esse fato, há limites na revelação, Gálatas 1:6 a 10 é uma advertência clara, e os apóstolos sabiam que a centralidade da mensagem de Cristo não poderia sofrer um amalgama, não poderia ser diluída, não poderia ser adulterada, de outra forma, todo o sistema ficava comprometido, e acima de tudo, Paulo adverte que mesmo que um anjo pregue uma mensagem diferente, seja anátema.
Veja você mesmo: “Um anjo”(Gálatas 1:8) ele mão disse um espírito enganador, não mencionou um demônio ou um espírito imundo, mas um anjo. Se um lindo ser angelical, cheio de esplendor com as mais lindas e cativantes palavras vierem até vocês, ainda que sintam um agradável êxtase com essa visita, ainda que tenham uma experiência excitante e gloriosa, que se sintam donos de uma nova verdade, e que dê a vocês um ar de superioridade por tamanha revelação celestial, rejeitem! Rejeitem! Adverte Paulo.
Sim há limites: “o evangelho que já recebestes”. Cristo já tinha morrido e ressuscitado, a igreja já estava formada, a maioria dos livros já estavam escritos, e debaixo dessa convicção e orientação nasceu o Novo Testamento, com uma harmonia doutrinaria maravilhosa.
Assim vimos expressões claramente Cristocêntricas como “Crucificado com Cristo” (Gálatas 2:20)”Batizados em Cristo”(Gálatas 3:27) Cristo se fez maldição por nós (Gálatas 3:13) Veja que a igreja e os escritores estavam debaixo de um principio: fidelidade à mensagem do novo testamento, no final do Livro de Apocalipse João adverte que não deve ser acrescentado ou tirado nada da sua mensagem profética (Apocalipse 22:18 e 19) era um princípio valido para aquele tempo, acréscimos a Palavra de Deus no Antigo Testamento, foi condenado pro Cristo.
Os judeus fizeram isso, um zelo sem entendimento (Romanos 10:2) Cristo acusou os fariseus de transgredirem o mandamento por causa da tradição (Mateus 15:1 a 10) A ideia dos homens, as opiniões acrescentadas a Palavra revelada no mesmo nível de autoridade. Um grande erro, “doutrinas que são preceitos de homens”(Mateus 15:9) e com esses preceitos humanos em pé de igualdade com os mandamentos da Palavra de Deus, os judeus condenavam os discípulos de Jesus por não lavarem as mãos quando comem pão. Um acréscimo com uma autoridade no mesmo nível do Antigo Testamento, assim como havia outros, como coar a água para não engolir um mosquito e tornar-se imundo.
A maquinaria religiosa do judaísmo daquela época estava cheia de acréscimos e opiniões humanas, liturgias mortas e tantos outros absurdos, tudo levado ao trono do julgamento para condenar os outros como se fossem dignos de credito. A mensagem de Moisés e dos profetas não era mais suficiente. Há uma frase no Livro “Genuína Experiência Espiritual” de Jonathan Edwards que serve para o momento “Criar significado novo para as Escrituras é o equivalente a novas Escrituras, é acrescentar a Palavra de Deus”(Pag 63)“E a todos quantos andarem conforme essa regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus”(Gálatas 6:16)
Clavio Juvenal Jacinto – Igreja Batista Bíblica de Florianópolis – SC