Os Camelos Engolidos Por Calvino

(título original: Calvin’s Camels)

“Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.” (Mt 23:24 ACF)

Tendo lido as Instituições de Calvino e tendo estudado os escritos de muitos calvinistas antigos e contemporâneos, estou convencido de que Calvino foi culpado de coar [adotar] mosquitos e engolir [destruir] camelos. Aceitar o calvinismo (em qualquer de suas formas) é negar os ensinos claros de dúzias de Escrituras.

Examinei o calvinismo muitas vezes durante os 33 anos desde que fui salvo. A primeira vez foi logo depois de me converter, quando estava numa Faculdade Bíblica e o calvinismo foi um dos muitos tópicos que eram persistentemente discutidos pelos alunos. Eu nunca tinha ouvido sobre o calvinismo antes disso e não sabia o que pensar a respeito, então li A Soberania de Deus, de Arthur Pink e alguns outros títulos sobre o assunto, desejando entendê-lo e saber se era escritural ou não. Alguns dos alunos se tornaram calvinistas, mas eu concluí que, embora o calvinismo tenha alguns pontos positivos sobre a soberania de Deus, e embora eu pessoalmente aprecie o modo como ele exalta a Deus acima do homem, e embora eu concorde com seu ensinamento que a salvação é 100% de Deus, e embora eu despreze e rejeite o esquema de ganhar almas raso, manipulador e centrado no homem (tão comum entre batistas independentes), e embora ele pareça ser apoiado por algumas Escrituras, a linha base para mim é que ele [o calvinismo] acaba se contradizendo em relação a muitas Escrituras claras.

No ano 2000 fui convidado a pregar a uma conferência sobre calvinismo na Universidade Batista da Herança [Heritage Baptist University] em Greenwood, Indiana, que ocorreu posteriormente, em abril de 2001. A conferência foi oposta ao calvinismo e concordei em falar, porque era simpático a tal posição [oposta ao calvinismo], desde que examinei pela primeira vez o assunto na Escola Bíblica. Antes de dar a mensagem da conferência, no entanto, eu queria re-examinar o calvinismo de maneira mais profunda. Contatei Dr. Peter Masters em Londres, Inglaterra e discuti o assunto do calvinismo com ele. Disse-lhe que o amava e o respeitava em Cristo e também amava e respeitava seu antecessor, Charles Spurgeon, embora não concordasse com nenhum deles sobre o calvinismo (ou com alguns itens, de fato). Disse ao Dr. Masters que queria que ele me relatasse que livros ele recomendaria para eu compreender adequadamente o que ele acredita sobre o assunto (sabendo haver muitas variedades de calvinismo). Eu não queria representar mal coisa nenhuma. Entre outras coisas, Dr. Masters recomendou que eu lesse os “Institutos da Religião Cristã” [Institutes of the Christian Religion] de Calvino e “Spurgeon versus os Hiper-Calvinistas” [Spurgeon vs. the Hyper-Calvinists], de Iain Murray, o que eu fiz.

Nos últimos anos re-investiguei novamente o calvinismo por ambos os lados. Li “Que Amor é Este” [What Love Is This?] de Dave Hunt e “as Dúvidas Honestas de um Calvinista Resolvidas pela Razão e a Maravilhosa Graça de Deus” [A Calvinist’s Honest Doubts Resolved by Reason and God’s Amazing Grace]. Li “Debatendo o Calvinismo: Cinco Pontos, Duas Visões” [Debating Calvinism: Five Points, Two Views], de Dave Hunt e James White. Reli cuidadosamente “A Soberania de Deus” [The Sovereignty of God] de Arthur Pink, assim como “A Confissão de Fé de Westminster” [Westminster Confession of Faith]. Estudei também em torno de 100 páginas de materiais publicados em defesa do calvinismo pela Faculdade Bíblica do Extremo Oriente [Far Eastern Bible College], em Singapura. Esta é uma Escola Bíblica Presbiteriana.

No melhor do meu conhecimento, estudei esses materiais com o único desejo de saber a verdade e com a boa vontade de seguir a verdade aonde quer que ela me levasse.

Assim, enquanto não li cada livro sobre este assunto que poderia ser recomendado por meus leitores, fiz um considerável esforço para entender o calvinismo adequadamente e para não representá-lo mal. (embora eu tivesse aprendido que um não calvinista SEMPRE será acusado de má-representação)

O calvinista sem dúvida questionará que eu simplesmente não entendi adequadamente o calvinismo e a isso respondo que, se o calvinismo é tão complicado, não pode ser a verdade. Se um pregador razoavelmente inteligente que estudou e ensinou a Bíblia diligentemente por 32 anos e publicou uma enciclopédia bíblica e muitos outros estudos bíblicos pode estudar o calvinismo com um desejo de entendê-lo adequadamente e ainda não o entende, então ele [o calvinismo] é muito complicado para ser verdadeiro! O apóstolo Paulo advertia que é o diabo que torna a teologia tão complicada. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” (2Co 11:3 ACF). Claro que calvinismo não é simples, de forma nenhuma, e esta é uma razão porque ele produz uma mentalidade elitista. Para entender o calvinismo, deve-se lidar com compatibilidade, monergismo versus sinergismo, graça eleitora versus a graça irresistível, chamado eficaz versus chamado geral, expiação- propiciação eficaz versus expiação- propiciação hipotética, livre vontade libertariano versus livre vontade escravizada a submissão da vontade, graça objetiva versus graça subjetiva, habilidade natural vs habilidade moral, imputação do pecado de Adão mediata vs imediata, supralapsarianismo, sublapsarianismo, infralapsarianismo, vontade desiderativa vs decretiva, e vontade hipotética antecedente, para citar alguns!

Além disso, o calvinista argumentará que a razão por que estudei o calvinismo e o rejeitei é porque penso que o homem deve ser igual a Deus. Os calvinistas invariavelmente clamam que os não calvinistas não acreditam na soberania de Deus. Não posso falar pelos outros, mas este não-calvinista certamente acredita na soberania de Deus. Deus é Deus e Ele pode fazer o que quiser, quando quiser. Como disse alguém, “o que quer que a Bíblia diga, eu acredito. A Bíblia diz que uma baleia engoliu Jonas e eu o creio. E se a Bíblia dissesse que Jonas engoliu a baleia, eu acreditaria!” Se a Bíblia ensinasse que a soberania de Deus seleciona alguns pecadores para irem para o paraíso e Sua soberania elegeu o resto para o inferno, e que Ele escolheu apenas alguns para serem salvos e permite que o resto seja destruído, eu o creria, porque acredito que Deus é Deus e o homem não pode dizer a Deus o que é certo ou errado.

O fato é que cada vez que estudo o calvinismo, me convenço que ele simplesmente contradiz muitas Escrituras, pois é construído mais sobre a lógica e filosofia humanas que sobre o claro ensinamento da Palavra de Deus. O que quer que signifique a eleição divina (e esta é certamente uma doutrina importante e freqüentemente ensinada na Palavra de Deus), não pode significar aquilo que o calvinismo conclui [pela sua lógica e raciocínio], pois aceitar tal posição requer que alguém coe [adote] mosquitos e engula [destrua] camelos. Os mosquitos são os argumentos e raciocínio extra-escriturais dos calvinistas e os camelos são as Escrituras entendidas claramente por seu contexto.

Considere alguns mosquitos que os calvinistas coam [adotam].
Os calvinistas deduzem [lógica humana, sem provas bíblicas] que, se Deus é soberano, então os homens não podem ter vontade e não podem resistir a Ele.
Os calvinistas deduzem [lógica humana, sem provas bíblicas] que, se o pecador está morto, então ele obviamente não pode responder ao evangelho; e, se ele não pode responder ao evangelho e se a própria fé é um dom soberanamente entregue (baseado na errada exegese de Ef 2:8-9), então os eleitos devem nascer de novo antes de poder exercer a fé.
Os calvinistas deduzem [lógica humana, sem provas bíblicas] que, já que Deus opera todas as coisas pela Sua própria vontade, então se Ele realmente quisesse que todos os homens fossem salvos, Ele salvaria todos os homens.
Os calvinistas argumentam [lógica humana, sem provas bíblicas] que, já que Deus predestinou alguns à eterna salvação, então Ele deve ter predestinado outros à eterna danação.

Em cada um desses casos, o calvinista aplica a lógica humana ao fato, ao invés de [citar] uma afirmação clara das Escrituras; e as Escrituras que ele usa para apoiar sua doutrina não diz tal coisa. Assim, ele côa [adota] mosquitos enquanto engole [destrói] centenas de afirmações claras das Escrituras que demolem sua doutrina.

OS CAMELOS ENGOLIDOS [destruídos] POR CALVINO

Em seguida estão alguns dos camelos que John Calvin engoliu [destruiu] quando seguiu Agostinho, o “Doutor da Igreja Católica Romana”, no erro da “eleição soberana” e quando raciocinou que Deus não poderia ser soberano se o homem pode rejeitá-lo e se a salvação pode ser aceita ou rejeitada pelo pecador.

Eu percebo que um calvinista forte [ou estanque, impermeável] tem uma resposta para tudo. Ele pode fugir imediatamente para o seu baluarte [que consiste] em fazer distinções inteligentes e intrincadas entre graça eletiva e a graça comum, entre graus do amor de Deus, entre vontade desiderativa e decretiva e vontade hipotética antecedente, entre muitas outros coisas. Eu não estou escrevendo o artigo para tal pessoa. Estou escrevendo para o crente simples que ama a Palavra de Deus e que não foi aterrorizado pelo brilho intelectual [dos “brilhantes, geniais homens”] nem permitiu lavagem cerebral pela teologia humana.

DEUS PODE DEIXAR-SE LIMITAR — “Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e limitaram o Santo de Israel.” (Sl 78:41 ACF)

De acordo com o calvinismo, se um homem resiste a Deus ou impede Seus propósitos então Deus não é mais um Deus Soberano e o homem deve ser Soberano. Assim eles afirmam ser impossível um homem aceitar ou rejeitar a salvação de Deus. Mas o fato é que a Bíblia diz que o homem resiste e rejeita Deus a cada momento e isto tem ocorrido desde os primórdios de sua história. Adão rejeitou a Palavra de Deus. Caim a rejeitou, a geração de Noé a rejeitou. Os homens reunidos na Torre de Babel a rejeitaram. Quando o salmista conta a experiência de Israel no deserto ele enfatiza o fato de que Israel não fez a vontade de Deus. Ele os descreve como “geração obstinada e rebelde” (Sl 78:8) que “se recusou a caminhar em Sua lei” (Sl 78:10). Ele faz então esta espantosa afirmação: “eles limitaram o Santo de Israel” (Sl 78:41). De acordo com o pensamento calvinista, isto não é possível e, se fosse possível, significaria que Deus não é soberano, mas é óbvio que o calvinismo está errado em ambos os relatos. Pois o fato de Deus ter [soberanamente] feito o homem à Sua imagem com uma vontade e uma habilidade para fazer escolhas reais, e o fato de Deus [soberanamente] permitir aos homens exercerem sua vontade mesmo na questão de receber salvação, nada disso não torna Deus nem um pouco menos soberano do que se Ele tivesse criado um robô. E não é válido [pela Bíblia] [o calvinista alegar] que o homem pode resistir a Deus em algumas coisas mas não em questões de salvação. Se o homem pode resistir e rejeitar e limitar Deus se alguma forma e se [mesmo assim] Deus pode ainda ser Deus, então Deus pode ainda ser Deus se Ele oferece salvação a todos e alguns a recebem e alguns a rejeitam, como a Bíblia diz tão claramente: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22:17 ACF)

JESUS QUERIA, MAS ISRAEL NÃO QUIS E NÃO ACONTECEU — “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Mt 23:37 ACF)

Aqui vemos que era vontade e desejo do Filho de Deus salvar Israel em toda a sua história e Ele enviou-lhe Seus profetas, mas Ele foi recusado. Cristo queria. Israel não queria. Sabendo que Cristo é Deus, isto nos ensina que a vontade de Deus poderá ser frustrada pela vontade do homem?

Arthur Pink diz: “Mas aquelas lágrimas manifestam um Deus desapontado? Não! De verdade! Ao invés, elas mostram um Homem perfeito” (“A Soberania de Deus” pág. 199).

Assim, de acordo com o calvinista, a afirmativa de Jesus em Mt 23:27 não ensina que a vontade de Deus foi a frustrada pela vontade do homem mas simplesmente expressa o lado humano da natureza compassiva de Jesus. Segundo Calvino, Deus não pode ser desapontado, porque isto significaria que Ele não é soberano (segundo a própria definição pré-determinada de Calvino), mas isto se esvai em face das Escrituras em literalmente milhares de passagens.

Dizer que Jesus estava falando, em Mt 23:27, como homem mas não como Deus, é ridículo e herético. Jesus disse a seus discípulos: “… Quem me vê a mim vê o Pai, …” (Jo 14:9 ACF). Em Mt 23:27 Jesus está falando como o eterno Filho de Deus, sim, como Deus Jeová, como o mesmo Deus que enviou os profetas a Israel em toda a sua carreira rebelde e que desejou dar-lhe Sua paz, mas ELES NÃO QUISERAM.

DEUS ESTENDEU SUA MÃO PARA ISRAEL, MAS ISRAEL O REJEITOU — “Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” (Rm 10:21 ACF)
“Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, após os seus pensamentos;” (Is 65:2 ACF)

Aqui está o mesmo tipo de afirmativa que o Próprio Jesus fez em Mt 23:27. Vemos que Deus queria salvar Israel e continuamente tentou alcançá-los, mas eles resistiram à mensagem e à salvação de Deus, e as rejeitaram.

OS JUDEUS RESISTIRAM AO ESPÍRITO SANTO — “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.” (At 7:51 ACF)

Estevão acusa seus perseguidores judeus de resistirem ao Santo Espírito. Aqui, novamente vemos que o Santo Espírito luta com os homens e que eles resistiram deliberadamente. O calvinista responde a isso afirmando que a “escravidão da vontade” opera em via única, significando que os não salvos podem rejeitar a verdade mas não podem, por outro lado [mesmo se o quiserem fazer], receber a verdade. Segundo essa doutrina, só aos eleitos é dada a habilidade de crer no evangelho enquanto os não eleitos são deixados em sua condição Totalmente Depravada com sua vontade escravizada e incapaz de crer. Mas em local nenhum a Bíblia ensina isto. Ao invés, do início ao fim da Bíblia, de Caim até os que seguem o anticristo, os homens são chamados por Deus e se espera que respondam e obviamente estejam aptos a responder, e são condenados quando não o fazem. Que alguns respondem, e outros não respondem, à luz que Deus dá, não é porque somente alguns são pré-ordenados a responder.

FORAM OS JUDEUS, ELES MESMOS, QUE TROUXERAM A IRA DE DEUS SOBRE SI MESMOS — “14 Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judéia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles, 15 Os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, 16 E nos impedem de pregar aos gentios para que estes sejam salvos, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.” (1Ts 2:14-16, tradução da KJV)

Segundo esta passagem, os judeus que mataram o Senhor Jesus e perseguiram os primeiros crentes não foram soberanamente reprovados para [assim, fazerem] sua má obra. [Ao contrário,] Eles completaram seus pecados e [por isso] trouxeram para si a ira de Deus por suas próprias ações.

Note também que Paulo diz que os judeus proibiram a pregação do evangelho aos gentios “para que estes sejam salvos“. Assim vemos que os gentios, a quem o evangelho poderia, de outra forma, ser pregado, poderiam ter sido salvos através daquela pregação.

AQUELES QUE SÃO SANTIFICADOS PELO SANGUE PODEM CONTÁ-LO COMO PROFANO E PODEM FAZER AGRAVO AO ESPÍRITO DE DEUS. — “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hb 10:29 ACF)

Ou este verso significa que (a) uma pessoa salva pode perder sua salvação, ou significa que (b) uma pessoa pode chegar perto de ser salva sem realmente ser regenerado ou pode então finalmente se virar contra a salvação, rejeitando a eficácia do sangue e do evangelho da graça. Acreditamos que ele ensina o último. No nosso ministério de plantar Igrejas, vimos muitos hindus e budistas participarem dos serviços e comprar Bíblias e olhar anelantemente para as coisas de Cristo e mesmo desejarem ser batizados e publicamente testemunhar sua crença no evangelho, só para finalmente se voltarem e voltar à religião humana e à idolatria e renunciar ao sangue de Cristo e à salvação pela graça. Eles não foram santificados no sentido de salvação, mas foram santificados no sentido de terem sido iluminados e convencidos pelo Espírito e no sentido de terem professado acreditar na aliança ou no evangelho da graça.

Este verso contradiz as doutrinas calvinistas da Expiação- Propiciação Limitada e da Irresistível Graça. Inegavelmente este verso, no mínimo, ensina que o sangue de Cristo estava disponível a eles para a salvação, mas que eles o rejeitaram.

JESUS REPREENDEU AS CIDADES DE ISRAEL PORQUE ELAS NÃO SE ARREPENDERAM — “20 Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: 21 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. 22 Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. 23 E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. 24 Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.” (Mt 11:20-24 ACF)

Jesus não trata com os homens à base da eleição soberana e da reprovação soberana. Ele tratava com os homens à base da responsabilidade humana para responder ao divino chamado ao arrependimento. Cristo ensina aqui que os homens não só são responsáveis por se arrepender, mas [também] podem se arrepender, se quiserem. Se eles não se arrependeram, por que eles seriam repreendidos como se tivessem se arrependido? Se alguns homens não podem se arrepender, por que todos os homens são comandados a se arrepender (“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;” At 17:30 ACF)


JESUS NOS ENSINOU A ORAR PARA QUE A VONTADE DE DEUS FOSSE FEITA SOBRE A TERRA, DO MESMO MODO QUE É FEITA NO CÉU
 — “E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu.” (Lc 11:2 ACF)

Isto significa, claro, que a vontade de Deus não é atualmente cumprida na terra como é no céu, o que significa que a soberania de Deus não implica que a vontade de Deus sempre seja feita. O homem pode frustrar a vontade de Deus – não no final, até onde o Seu plano eterno alcança, mas de muitos modos e em muitos momentos.

DEUS CONVIDA TODOS, DE TODOS OS TERMOS DA TERRA, PARA SEREM SALVOS — ” “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Is 45:22 ACF)

Se palavras significam alguma coisa, este convite divino universal significa que Deus deseja ansiosamente salvar todos os homens e todos os homens podem ser salvos, e isto estava escrito durante a dispensação do Antigo Testamento, antes da vinda de Cristo.

DEUS CONVIDA TODOS QUE ESTÃO SEDENTOS PARA VIREM E BEBEREM LIVREMENTE — “1) Oh vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. 2) Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. 3) Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi.” (Is 55:1-3 ACF).

Como em todas as outras passagens onde um convite geral é dado aos homens para serem salvos, os calvinistas tentam limitar esta passagem aos eleitos, mas é impossível fazê-lo. Este convite particular é para “todos que têm sede“. O convite é estendido não meramente pelo Deus de Israel mas pelo Deus do Universo, o Deus que “fez a terra e criou o homem sobre ela” (Is 45:12), o mesmo Deus que disse num verso anterior: “Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra: porque Eu sou Deus e não há outro” (Is 45:22 ACF).

Deus promete fazer uma aliança permanente com aqueles que vêm para Ele e promete dar a tais “as verdadeiras misericórdias de Davi“. Isto não limita o convite só a Israel. A aliança de Deus com Davi é cumprida pelo Seu Grande Filho, o Messias e todos os salvos participam da aliança de um modo ou de outro (At 13:34-38).

DEUS AMA O MUNDO INTEIRO E DEU SEU FILHO PARA QUE TODO E QUALQUER POSSA SER SALVA — “14) E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; 15) Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 16) Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele quenele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17) Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18) Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3:14-18 ACF)

Arthur Pink é típico ao afirmar que o mundo, nesta passagem: “não significa toda a família humana”, mas que é “é usado de modo geral” e ela “deve, em última análise, se referir ao mundo do povo de Deus” (A Soberania de Deus, págs 203-204).

Ao contrário, sabemos que o “mundo” (Jo 3:16) aqui significa todos os homens.

Primeiro, a universalidade desta passagem é clara pela expressão “para que todo aquele que” [uma só palavra, em grego], que é usada duas vezes no contexto. Se o termo “mundo” é usado para significar algo diferente que todo o mundo dos homens, o termo “para que todo aquele que” se torna sem sentido. Se “todo aquele que” não significa “todo aquele que”, então as palavras da Bíblia não têm significado certo e tudo é lançado à confusão. Os calvinistas dizem que só aqueles que são soberanamente eleitos crerão, mas a Bíblia diz quem quer que creia será salvo e é, portanto, eleito.

Segundo, a universalidade do “mundo” nesta passagem é clara pela tipologia que é usada. A serpente de bronze que foi levantada por Moisés no deserto foi suficiente para a salvação de todos os judeus que foram picados pelas cobras, mas só aqueles que olharam para ela [a serpente de bronze] pela fé foram salvos. Da mesma forma, a salvação que Jesus comprou no Calvário é suficiente para salvar qualquer pecador, mas só aqueles que crêem são salvos.

TODO E QUALQUER (QUE QUEIRA) É CONVIDADO A VIR — “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22:17 ACF)

Se este verso significa o que diz, ele refuta três das doutrinas de Calvino: que a salvação é apenas para os soberanamente pré-eleitos, que Deus não oferece efetivamente a salvação a todos. e que o pecador não pode receber salvação.

DEUS SALVARÁ TODOS QUE O INVOCAREM — “8 Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, 9 A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. 11 Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. 12 ¶ Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. 13 Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Rm 10:8-13 ACF)

Esta é outra passagem que claramente ensina que a salvação é para todo e quemquer que invoque [o nome do Senhor Deus Jesus, o Cristo]. Os calvinistas protestam que os pecadores que são Totalmente Depravados não podem clamar ao Senhor e, portanto, só aqueles que são soberanamente eleitos e chamados e recebem “o dom da fé” poderá clamar ao Senhor. Isto é distorcer as Escrituras, é forçar a teologia de alguns para dentro da Bíblia. Se as doutrinas calvinistas da soberana eleição e da escravidão da vontade e do soberano chamado são corretas, então esta passagem realmente não significa o que diz, portanto um abençoado e glorioso convite universal para a salvação dos pecadores se torna algo reservado somente a um grupo pré-selecionado de pecadores.

Quanto à fé, esta passagem diz que ela está bem próximo de cada pecador. Em seus corações, [todos] os pecadores podem crer em Cristo. Eles podem confessar Cristo com suas bocas. Embora estejam totalmente sem justiça em si mesmos [ante Deus] e estejam totalmente mortos em suas transgressões e pecados, isto não significa que eles não possam crer no evangelho.

TODO E QUALQUER QUE CRER EM CRISTO (E, PORTANTO, INVOCAR SEU NOME) SERÁ SALVO — “Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.” (Jo 12:46 ACF)
“E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (At 2:21 ACF)

A Bíblia repetidamente diz que a salvação é para “todo aquele que”; portanto, um típico crente na Bíblia, mas que não é um teólogo, concluiria [a partir dessa multidão de versículos cristalinamente claros] que qualquer e todo pecador hoje é convidado a vir para Cristo e, pela graça de Deus, PODE vir para Cristo. Tratar os “todo aquele que irá” do Novo Testamento como Calvino fez, no entanto, é [anulá-lo,] fazê-lo de nenhum efeito. Segundo Calvino, “todo aquele que” não significa realmente “todo aquele que”; significa “qualquer dos eleitos”. Mesmo quando Calvino afirma, fora de um lado de sua boca (tal como no comentário sobre João 3:16), que ele concorda que a salvação é realmente oferecida para “quem quer que queira”, ele o nega com o outro lado afirmando que é óbvio que os não-eleitos “não o quererão”, assim ele [Calvino], num sentido prático, voltou para “todo aquele que, dentre os eleitos”.

JESUS CONVIDOU TODOS QUE TÊM SEDE A VIR E BEBER — “37 ¶ E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se QUALQUER UM tem sede, venha a mim, e beba. 38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” (Jo 7:37-38 KJV)

Este é o mesmo tipo de convite que vimos em muitas outras passagens. É um convite a “qualquer um”. Jesus graciosamente convida todos os pecadores que reconhecem sua necessidade de salvação para virem a Ele para satisfazê-la. Além disso, o Espírito Santo veio ao mundo para mostrar aos homens sua necessidade de Cristo (Jô 16:8). O único requisito que Jesus exige é que tenham sede de águas vivas que só Deus pode prover e que venham só a Jesus para [receberem] aquela água e a nenhum outro. A Salvação está vinculada a beber da água. Que coisa tão simples!

JESUS CONVIDOU TODOS OS ESTÃO CANSADOS E OPRIMIDOS A VIREM A ELE PARA DESCANSO — “28 Vinde a mim, TODOS os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11:28-30 ACF)

Um convite mais amplo à salvação não pode ser dado.Qualquer pessoa que trabalhe e esteja pesadamente oprimido é convidado a vir a Jesus buscar repouso. Não é um convite que possa ser de alguma forma limitado a um seleto número de indivíduos que foram soberanamente predeterminados. A compaixão de Jesus se estende a todos os pecadores e é verdadeiro Seu desejo de salvar todos eles.

TANTOS QUANTOS RECEBEM JESUS TORNAM-SE FILHOS DE DEUS — “10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; 13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (Jo 1:10-13 ACF)

Jesus foi rejeitado por Seu próprio povo, a nação judaica. Só este fato demonstra que Deus pode ser rejeitado pelos homens. Mas todos os que recebem a Jesus crendo em Seu nome recebem o poder de se tornarem filhos de Deus. Não é dada qualquer limitação. Salvação é uma questão de “A TODOS QUANTOS” e “QUEM QUER QUE”. Note que a fé precede e é a causa de se tornar um filho de Deus. Não é que os homens nascem de novo para [conseqüentemente, possam ter] a fé, como disse Calvino, mas que através da fé os homens nascem de novo. Note também que, receber a Cristo crendo n’Ele não pode ser definido como “a vontade do homem”. Os calvinistas questionam que se o pecador pudesse crer em Cristo isto significaria que a salvação é da vontade do homem, mas esta passagem refuta tal lógica humana. Sabemos claramente em Jo 1:13 que o novo nascimento não é da “vontade da carne, nem da vontade do homem”, mas sabemos muito claramente que o novo nascimento ocorre recebendo Cristo pela fé, nos versículos anteriores. O que o versículo 13 significa é que este novo nascimento não é produto da vontade humana. Os homens não podem operar o novo nascimento. Eles não podem querer que aconteça. É um milagre da graça que Cristo opera na vida do pecador que crê.

DEUS TEM ORDENADO QUE O EVANGELHO SEJA PREGADO A CADA E TODO SER HUMANO E GARANTIU QUE TODOS QUE NELE CREREM SERÃO SALVOS — “15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16:15-16 ACF)

Se apenas o eleito pode ser salvo, por que Deus comanda que o evangelho do “quemquer que queira” a salvação, seja pregado a cada pecador? Deus está zombando dos não eleitos, proclamando-lhes que Ele deu Seu único filho amado para que “todo aquele que nele crê não pereça” e que “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.”? Alguns calvinistas dividem-se em duas amplas categorias chamadas “hiper” e “não hiper” (embora os “hiper” não admitam serem hiper mas professam-se como genuinamente calvinistas). O não-hiper calvinista afirma que Deus ama verdadeiramente a todos os homens e que o “todos” de João 3:16 é verdadeiramente “todos”, e isto soa encorajador, exceto que, pelo outro lado da sua boca, ele diz que Deus só salva os eleitos e que não há possibilidade para os não eleitos serem salvos, e que o “amor” de Deus para com os eleitos é certamente diferente do Seu amor pelos eleitos. Certamente os não eleitos, ouvindo tal argumentação seriam forçados a dizer: “Que tipo de amor estranho é este? Deus está zombando de mim? Deus está brincando comigo como um gato brinca com um rato [ferido, para terminar de matá-lo]? A Bíblia promete que ‘para que todo aquele que nele creia não pereça‘, mas os calvinistas me dizem que só se eu for um dos eleitos é que eu serei soberanamente regenerado e receberei o ‘dom da fé’ e se eu não for um dos eleitos, então estou tão morto em minhas transgressões e pecados que não há nada que eu possa fazer para ser salvo, que eu não posso crer em Cristo e que a iluminação que Deus me dá não é eficaz para minha salvação. Que amor é este?” Claro que o calvinista logo responderá: “quem é você que responde contra Deus! Deus é Deus e Ele pode fazer o que quiser e Lhe agradar”. Claro que Ele pode fazer o que quiser e Lhe agradar, mas esta questão se Deus genuinamente quer que todos os homens sejam salvos e se é possível para eles serem salvos tem a mais séria e eterna conseqüência e responder à questão sobre o que constitui o amor de Deus não é nem irracional nem anti-escriturístico.

DEUS NÃO ESTÁ QUERENDO QUE PESSOA ALGUMA SE PERCA — “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (2Pe 3:9 ACF)

Por que o Senhor espera para estabelecer Seu reino? Por que Cristo ainda não veio? Este verso nos ensina que Deus está esperando que os homens sejam salvos, porque não é de Sua soberana vontade que ninguém pereça. Já que muitos perecerão e já que nem todos virão ao arrependimento, como sabemos de outras Escrituras, então é óbvio que a vontade de Deus pode sofrer resistência e ser frustrada e rejeitada pelo homem. É óbvio que o soberano Deus criou o homem de modo que isto pudesse ser possível, mas claro que isto não significa que Deus deixou de ser Deus. É o calvinismo que define a divina soberania como irresistibilidade. A Bíblia não sustenta tal definição.

O calvinista interpreta este versículo como significando que Deus não quer que nenhum dos eleitos [apenas eles] pereça. Arthur Pink diz: “Os ‘alguns’ que Deus não quer que pereçam são os ‘para conosco’ por quem Deus ‘é longânimo’, são os ‘amados’ dos versículos anteriores” (A Soberania de Deus, p.207).

Nossa resposta a isto é, antes de tudo, se este fosse o único versículo que dissesse que Deus não quer que ninguém pereça, poderíamos aceitar a interpretação calvinista, mas não é. Is 45:22 e Mt 11:28 e Jo 3:16 e Jo 6:40 e Rm 11:23 e I Tm 1:15-16 e I Tm 2:3-4 e Ap 22:17 são apenas algumas das passagens que dizem que Deus quer salvar a todos os homens.

[    “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou  Deus, e não há outro.” (Is 45:22 ACF)
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11:28 ACF)
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16 ACF)
“Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6:40 ACF)

“3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, 4 Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (1Tm 2:3-4 ACF)
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22:17 ACF) ]

Assim, é razoável e Escritural acreditar que os “para conosco’ em II Pe 3:9 é a humanidade em geral, em oposição só aos “eleitos”.

Mais, se II Pe 3:9 significa meramente que Deus não quer que nenhum dos eleitos pereça, então Ele usa uma linguagem estranha à luz das doutrinas calvinistas de eleição soberana e chamado irresistível. Dizer que Deus não quer que ninguém pereça é assumir que alguns possam perecer.


DEUS QUER QUE TODOS OS SERES HUMANOS SEJAM SALVOS
 — “3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, 4 Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (1Tm 2:3-4 ACF)

O que este versículo significa? Não há razão para crer que signifique outra coisa senão exatamente o que diz. É a vontade e desejo soberanos de Deus que todos os homens sejam salvos. Obviamente, então, a vontade de Deus não é sempre cumprida e Deus ordenou que o homem possa frustrar Sua vontade, porque é claro por outras passagens que nem todos os homens serão salvos. Claro, o calvinista tem todo o tipo de meios pelos quais ele conclui sobre o ensino claro de II Pe 3:9 e I Tm 2:3-4, mas só alguém comprometido com o calvinismo interpretaria a Escritura dessa forma. Por exemplo, alguns calvinistas afirmam que Deus tem dois tipos de vontade: “desiderativa e decretiva”. Embora Ele deseje realmente que todos os homens sejam salvos, Ele só decretou que os eleitos sejam salvos. Assim, quando II Pe 3:9 e I Tm 2:3-4 dizem que Deus não quer que qualquer pereça e que Ele quer que todos os homens sejam salvos, isto é meramente Sua vontade “desiderativa”, enquanto só os pecadores eleitos que caem na categoria de Sua vontade “decretiva” serão realmente salvos porque são os únicos, que são soberanamente regenerados e recebem o “dom da fé”. Quando eu disse a um professor calvinista que isto é mera “enrolação”, ele muito se ofendeu, mas não vejo o que mais pode ser. Claro esta intransigente tentativa de reconciliar I Tm 3:3-4 e II Pe 3:9 com o calvinismo realmente cria mais problemas que os resolve, porque admite que a vontade desiderativa de Deus não será cumprida. Assim, a vontade de Deus pode de fato ser frustrada pelo homem – não Sua vontade decretiva, você pode pensar, mas Sua vontade desiderativa – que significaria que Deus tem uma vontade que não é soberana.

JESUS VEIO AO MUNDO PARA SALVAR PECADORES — “15 Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” (1Tm 1:15-16 ACF)

O calvinismo pode ser lido [forçado para dentro] nesta passagem, como pode ser lido [forçado para dentro]  em qualquer passagem (que só os “pecadores” podem se tornar os eleitos). Mas, se tomamos ao pé da letra as palavras desses versos, elas significam que Jesus veio para salvar os pecadores em geral, ao contrário de [a finalidade de salvar] somente um grupo pré-selecionado; e significa que a salvação de Deus de Paulo, o chefe dos pecadores, é um encorajamento a qualquer pecador vir a Cristo para [receber] salvação. Qualquer pecador pode encontrar encorajamento nesta passagem para crer em Cristo para a sua salvação, porque se Deus pode salvar Paulo, Ele salvará a qualquer um.


DEUS QUER USAR DE MISERICÓRDIA PARA COM TODOS
 — “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.” (Rm 11:32 ACF)

Se o “todos” da primeira metade deste versículo significa todos os homens, como é óbvio, então é impossível interpretar a última parte por qualquer outro sentido. O mesmo Deus que englobou todos os homens em descrença deseja ter misericórdia sobre todos os homens através de Jesus Cristo. Essa é Sua soberana e expressa vontade.

JESUS FEZ PROPICIAÇÃO NÃO SOMENTE PELOS PECADOS DOS CRENTES MAS, TAMBÉM, PELOS DO MUNDO INTEIRO — “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (1Jo 2:2 ACF)

Esta passagem é dirigida “aos meus filhinhos” e aqueles que têm “um advogado com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1João 2:1). Obviamente é dirigida, então, aos salvos ou àqueles que em outra passagem são chamados “os eleitos” (Col 2:12; II Tm 2:10). Portanto, quando I Jo 2:2 diz que Cristo “é a propiciação pelos nossos pecados: e não só pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo”, a Bíblia está óbvia e claramente afirmando que Cristo não morreu só pelos pecados dos eleitos. “Todo o mundo” significa todo o mundo!

JESUS DEU A SI MESMO COMO RESGATE POR TODOS — “O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (1Tm 2:6 ACF)

A palavra “todos” deve ser definida no contexto, e no contexto ela se refere a todos os homens. Veja

I Tm 2:3-5 – “3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, 4 Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. 5 Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (ACF) O fato de que Jesus se deu como resgate em favor de todos os homens demonstra claramente que Sua expiação- propiciação não estava limitada aos eleitos, e que todos os homens podem ser salvos.

CRISTO RECONCILIOU O MUNDO PARA SI MESMO, E TEM ENTREGUE AOS CRENTES A PALAVRA DE RECONCILIAÇÃO — “18 E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; 19 Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” (2Co 5:18-19 ACF)

Estes versos englobam a doutrina da expiação- propiciação quanto ao fato que ela se aplica ao mundo [inteiro]. No verso 18 vemos que os crentes estão reconciliados com Deus por Jesus Cristo, mas no verso 19 vemos que Deus quer que o processo de reconciliação se estenda a todo o mundo. O fato que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” é um ensinamento óbvio das Escrituras, mas não significa, como os calvinistas argumentam [nos acusando], que [isto significaria que] todos os homens são automaticamente salvos. (Arthur Pink em “A Soberania de Deus” pág 62, argumenta pela lógica humana por este modo: “Se [o sangue de Cristo] tivesse sido oferecido em favor de toda a humanidade, então o débito de cada homem teria sido cancelado”). A universalidade da expiação- propiciação de Cristo não significa que todos os homens são automaticamente salvos, mas que todos os homens PODEM ser salvos porque a obra de Cristo na Cruz é suficiente para salvá-los, mas eles devem receber a palavra de reconciliação a qual, é claro, é o evangelho. Vemos também nesta passagem que os crentes são instrumentos de Deus para pregar a “palavra de reconciliação” ao mundo. Quando um pecador crê em Cristo, ele, por sua vez, deve pregar o evangelho da reconciliação para outros. Já que o evangelho deve ser pregado a todas as pessoas e Deus não quer que ninguém pereça, é óbvio que cada pessoa tem a possibilidade de ser salvo através de crer [em Cristo e Sua obra] (Mc 16:15-16; II Pe 3:9).

JESUS PAGOU O PREÇO DA REDENÇÃO DOS FALSOS MESTRES QUE ENSINARÃO DOUTRINAS DE PERDIÇÃO E NEGARÃO AO CRISTO, POR ISSO IRÃO AO INFERNO — “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão de modo oculto heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.” (2Pe 2:1 ACF)

Se o Senhor comprou esses falsos mestres não salvos, e a Bíblia claramente diz que isto ocorreu, então a doutrina calvinista da expiação- propiciação limitada cai por terra.

JESUS PROVOU A MORTE POR CADA E TODO HOMEM — “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.” (Hb 2:9 ACF)

Novamente, está claro nas Escrituras que Jesus morreu para defender todos os homens e não somente os eleitos.

DEUS ELEGE DE ACORDO COM SEU PRÉ-CONHECIMENTO — “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (1Pe 1:2 ACF)

A posição calvinista padrão sobre a presciência é basicamente suprimi-la, fazendo-a ser o mesmo que vontade-prévia, suprimindo completamente a possibilidade que a escolha de Deus teria algo a ver com o que Ele prevê. Mas a palavra que Pedro usa para presciência é uma palavra que significa simplesmente que Deus sabia [de antemão] o que ocorreria. É a palavra grega “prognose” que ainda é usada na linguagem comum. Quando um médico dá um prognóstico de uma doença, ele descreve a progressão normal da doença. Ele está basicamente apto a predizer o futuro pois sabe de antemão o que ocorrerá. A doutrina da “presciência”, se não for redefinida pelo calvinismo, vai um longo caminho, embora não todo o caminho, na direção de explicar o mistério de como Deus elegeria mas o homem poderia escolher. Há mais em eleição que presciência, mas o fato permanece que a Palavra de Deus nos ensina que a presciência está envolvida [na eleição] e que ela [a presciência] não pode ser redefinida como “pré-ordenação”.

Na sua tentativa de redefinir presciência e moldá-la para pré-ordenação”, os calvinistas usam
At 2:23 que diz que Jesus foi crucificado “… pelo determinado conselho e presciência de Deus …“. Os calvinistas argumentam que “determinado conselho” e “presciência” são a mesma coisa, mas é evidente que são, de fato, duas coisas diferentes. Os calvinistas clamam que determinado conselho precede a presciência, mas o que deixam de observar é o “e”. Atos 2:23 não diz que Jesus foi crucificado “pelo determinado conselho que é a presciência de Deus”. Diz que Jesus foi crucificado “pelo determinado concílio E presciência de Deus”. Que Deus [também] tenha elegido conforme Sua presciência significa que Ele não elege somente conforme seu determinado conselho, e este fato não torna Deus menos Deus.

JESUS ADVERTIU AOS HOMENS PARA ATENTAREM ÀS SUAS PALAVRAS DO MODO PRÓPRIO, SENÃO SERÃO JULGADOS — “Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver até o que parece ter lhe será tirado.” (Lc 8:18 ACF)

Jesus colocou a responsabilidade de ouvir Sua Palavra sobre os ombros de Seus ouvintes. Se eles ouvissem e fizessem o esforço de procurar Deus e entender, então seria dado mais a eles. Se não, eles seriam julgados. Aqui não há eleição soberana.

JESUS DISSE AOS LÍDERES RELIGIOSOS QUE ELES NÃO QUISERAM VIR A ELE PARA TEREM VIDA — “E não quereis vir a mim para terdes vida.” (Jo 5:40 ACF)

Ele não disse que não poderiam vir por causa da “total depravação”. Ele disse que eles não queriam vir. Era uma questão de suas próprias vontades. Ele não disse que eles eram soberanamente não eleitos, ou que estavam pré-ordenados para a condenação. Ele os repreendeu porque receberam a luz e a rejeitaram. Este verso e outros tantos ensinam que o pecador tem uma vontade que pode exercitar contrariamente a Deus, que a vontade de Deus não é soberana no sentido de não poder ser contrariada.


A FÉ VEM DO CORAÇÃO DO HOMEM
 — “11 Esta é, pois, a parábola: A semente é a palavra de Deus; 12 E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que não se salvem, crendo; 13 E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam; 14 E a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição; 15 E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.” (Lc 8:11-15 ACF)

A Parábola do Semeador nos ensina que fé é algo que os pecadores podem exercitar e que a diferença entre os corações dos homens e a resposta ao evangelho não é aquela da eleição soberana, mas é uma questão de suas próprias vontades. O Senhor Jesus nos diz que a Palavra de Deus caiu sobre quatro diferentes tipos de corações humanos. Todos os homens são pecadores, mas nem todos os pecadores não respondem à Palavra de Deus da mesma maneira.

O primeiro tipo de pecador ouve a Palavra de Deus mas o diabo vem e a retira do coração dele para que não creia e seja salvo. Isto está explicado em Mt 13:19 –
Ouvindo alguém a palavra do reino, e NÃO A ENTENDENDO, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho.” (ACF) A razão porque o primeiro tipo de pessoa não crê é porque ele não se esforça para [ou não deseja realmente] entender o evangelho e assim o diabo consegue arrebatar a Palavra de Deus. Isto acontece a cada dia. O evangelho é pregado a pecadores indiscriminadamente e muitos deles não dão importância a ele e não tem interesse mesmo em ouvir mais a respeito de Jesus Cristo. Eles não estão interessados o bastante nem mesmo para ler um folheto evangélico ou ir a um culto ou a um estudo bíblico evangelístico. Assim, “… vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada nos seus corações.” (Mc 4:15 ACF)

O segundo tipo de pecador ouve a Palavra de Deus mas cai fora quando chega o “tempo de tentação” porque a Palavra de Deus não foi recebida profundamente no coração e na vida, e, portanto, é facilmente arrancada. Muitos pecadores caem nesta categoria. Expressam interesse no evangelho, querem aprender mais. Estão excitados com as coisas de Jesus Cristo. Mas seu entendimento e “fé” são rasos. Não se esforçam para ter completo e adequado entendimento do evangelho e não estão verdadeiramente regenerados e logo caem fora por causa dos problemas que enfrentam com amigos e parentes, ou ficam ofendidos com algo com que não concordam. Novamente, não se diz que isto seja o resultado da soberana reprovação, mas é algo sob a responsabilidade do próprio pecador.

O terceiro tipo de pecador ouve a Palavra de Deus mas abarrota o coração e a vida com os “cuidados e riquezas e deleites desta vida”. O evangelho de Marcos acrescenta: “… e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera.” (Mc 4:19 ACF) Isto acontece freqüentemente quando o evangelho é pregado. Muitos pecadores que mostram algum interesse no evangelho e que vão à igreja e mesmo professam a fé em Jesus Cristo, caem fora porque não são sérios o bastante com os assuntos espirituais e permitem que muitas outras coisas sufoquem a Palavra de Deus para fora de seus corações e vidas. Novamente, aqui não há nem mesmo um sinal de que tudo isto seja o produtos de uma soberana reprovação. O que [a Bíblia] diz é que isto é algo que ocorre por causa das próprias respostas do pecador e sua ações quanto ao evangelho.

O quarto tipo de pecador ouve a Palavra de Deus e acredita nela e a mantém e produz frutos com paciência. Este é o único dos quarto tipos de pecadores que realmente chega à salvação.

JESUS MARAVILHOU-SE DA FÉ DO CENTURIÃO– “E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e voltando-se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.” (Lc 7:9 ACF)

O calvinismo defende que a fé é dada soberanamente por Deus como parte do pacote de graça soberana na soberana eleição. Aparentemente o Senhor Jesus não defende esta doutrina, porque Ele se maravilhou com a fé do centurião e recomendou esta fé aos judeus. Se a fé é o dom de Deus, o que havia para se maravilhar? Por que Jesus elogiou a “grande fé” do homem se fosse algo meramente dado soberanamente por Deus?


FÉ NÃO É UMA OBRA
 — “8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9 Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Ef 2:8-9 ACF)

Este verso ensina que, ao contrário do que o calvinismo ensina, a fé não é uma obra. A fé é o meio pelo qual o pecador recebe o dom gratuito da salvação que foi comprada para ele por Cristo. A fé é a “mão que se estende para aceitar o dom de Deus”. Ao contrário do raciocínio calvinista, aceitar um dom não é uma obra e não é nada em que o crente possa se vangloriar. Um presente é 100% daquele que compra e o oferece. O recebedor nada tem a se vangloriar por recebê-lo.
[Hélio adicionou: Em grego, o pronome “isto” é singular e neutro, e a coisa mais próxima que pode concordar com ele é “misericórdia”, no verso 4. “Isto” não pode se referir a “fé” (feminino). Portanto, este verso não diz que a fé é um dom de Deus.]

HOMENS PERECEM PORQUE NÃO RECEBEM O AMOR DA VERDADE — “10 E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. 11 E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; 12 Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.” (2Ts 2:10-12 ACF)

Esses pecadores que seguem o anticristo serão condenados não porque não tenham sido soberanamente eleitos, e não por terem sido soberanamente reprovados, mas por sua decisão pessoal em relação à verdade. Eles poderiam ter recebido a verdade e serem salvos, mas a rejeitaram. As palavras não poderiam se mais claras.

O CRENTE DEVE FAZER [cada vez mais] FIRMES SEU CHAMADO E ELEIÇÃO — “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.” (2Pe 1:10 ACF)

Independente de este verso ser interpretado como aplicado ao salvo ou ao quase salvo, a questão para o calvinista é: “Como os soberanos chamado e eleição podem ser feitos cada vez mais firmes pelo homem?” O calvinismo ensina que a eleição para a salvação é determinada somente por Deus e que Ele a comunica irresistivelmente ao pecador através da soberana regeneração e “o dom da fé”. Então, o que este verso significa?

O PREGADOR PODE GANHAR MAIS ALMAS PARA CRISTO PELO MODO COMO ELE CONDUZ SUA VIDA E MINISTÉRIO — “Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. … Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.” (1Co 9:19,22 ACF)

Paulo sacrificou-se e empreendeu grande esforço para que mais homens pudessem ser salvos. Se a eleição fosse pré-determinada soberanamente e irresistivelmente dada, isto não faria sentido. Como as ações de Paulo poderiam “ganhar mais”? Como suas ações poderiam “salvar alguns”?

PAULO PERSUADE OS HOMENS — “Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que nas vossas consciências sejamos também manifestos.” (2Co 5:11 ACF)

Se Paulo fosse um calvinista ele não teria escrito isto porque saberia que os eleitos não precisam ser persuadidos e os não eleitos não podem ser persuadidos! O pecador [ensina o calvinismo] está tão morto em seus pecados que, à parte da regeneração e do “dom da fé”, ele não poderia [de modo nem grau nenhum] entender e responder à persuasão humana.

A SALVAÇÃO PODE SER NEGLIGENCIADA — “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;” (Hb 2:3 ACF).

Esta exortação não faz sentido à luz da doutrina calvinista. Se a eleição é como o calvinista ensina e é uma questão do indivíduo ser soberanamente escolhido por Deus, como poderia o eleito negligenciar a salvação e como o não eleito poderia fazer outra coisa senão negar a salvação?

OS CRISTÃOS PROFESSOS SÃO EXORTADOS A NÃO TEREM CORAÇÃO MAU E DESCRENTE E A NÃO SE SEPARAREM DO DEUS VIVO — “12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. 13 Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; 14-Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.” (Hb 3:12-14 ACF)

Se os eleitos são pré-determinados “soberanamente” e se a eleição não tem nada a ver com o próprio pecador aceitar ou rejeitar, crer ou descrer, e se ele é irresistivelmente atraído e soberanamente guardado de modo a certamente perseverar, o que poderia possivelmente significar essa exortação? Como poderia o soberanamente eleito, o irresistivelmente atraído eleito, se afastar de Deus? E como poderia o não eleito fazer algo que não seja se afastar de Deus?

TEMOS QUE TRABALHAR PARA ENTRAR NO REPOUSO DE DEUS — “9-Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. 10 Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. 11- Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.” (Hb 4:9-11 ACF)

Como essa exortação poderia possivelmente se aplicar a uma eleição tipo tulip? Esta passagem diz que o repouso da salvação é algo que cada pessoa deve procurar para nela entrar e tudo mostra urgência para se fazer isto, mas a doutrina da eleição “soberana” nos ensina que os eleitos ao descanso de Deus são pré-determinados somente por Deus e eles não têm escolha na questão e certamente entrarão no Seu repouso.

JESUS ILUMINA TODO HOMEM QUE VEM AO MUNDO — “Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.” (Jo 1:9 ACF)

A Bíblia ensina que os homens estão nas trevas, mortos por suas transgressões e pecados, mas a Bíblia claramente ensina que Deus dá a luz a todo o indivíduo que vem ao mundo. Não há outro modo de entender o significado dessas palavras. Não há modo de aplicar isto somente aos eleitos. O fato é que Deus atrai os homens à luz e se eles respondem Ele lhes dá mais luz. É o que vemos no caso de Cornélio em At 10. A Bíblia não diz aqui que a luz que Deus dá a alguns é mais eficaz que a que Ele dá a outros. Simplesmente diz que Ele ilumina todo o indivíduo.

O SANTO ESPÍRITO CONVENCERÁ O MUNDO — “8 E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. 9 Do pecado, porque não crêem em mim; 10 Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; 11 E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” (Jo 16:8-11 ACF)

Os calvinistas afirmam que “não é a missão atual do Espírito Santo convencer o mundo do pecado” e que o “Espírito Santo é soberano em Suas obras e Sua missão é confinada aos eleitos de Deus” (Pink, A Soberania de Deus, pág 75, 77). [Mas,] de fato, o Senhor Jesus ensina clara e inequivocamente em Jo 16 que o Santo Espírito de fato convencerá o mundo em sua época, tanto ao descrente quanto ao crente. Não há boas razões para acreditar que “o mundo” nesta passagem significa “os eleitos”. Pois assim a passagem leria: “E quando ele chegar, ele reprovará o eleito do pecado e da retidão e do julgamento. Do pecado, porque o eleito não crê em mim…” Mas, claro, o eleito crê em Jesus. Depois, os calvinistas ensinam que os eleitos são salvos mais pela regeneração que pelo convencimento. A verdade da questão é que esta importante passagem descreve como os não salvos, espiritualmente mortos e cegos, são trazidos ao arrependimento e à fé. É pelo poder de convencimento do Espírito Santo. Pois nem todos crêem, e isto não é porque só alguns são pré-eleitos para acreditar, mas porque Deus fez o homem com a habilidade para resisti-Lo e, conforme as Escrituras, ele vem exercendo essa habilidade desde o Jardim do Éden.

JESUS ATRAIRÁ TODOS OS HOMENS A ELE–“32 E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. 33 E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.”(Jo 12:32-33 ACF)

Aqui o Senhor Jesus prometeu, através de Sua crucificação, atrair todos os homens a Si. Assim vemos que Ele morreu para tornar possível a todos os homens serem salvos e que Ele ativamente atraiu todos os homens a Si mesmo, para este fim. Que todos os homens não sejam salvos não é falha dEle nem é Sua intenção. Todos são iluminados e todos são atraídos. O que Jesus disse sobre Israel é verdadeiro a todos os homens: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! QUANTAS VEZES QUIS EU AJUNTAR ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e TU NÃO QUISESTE!” (Mt 23:37 ACF)

Estes [acima] são apenas alguns poucos dos camelos calvinistas

Meus amigos, não engulam [destruam] esses grandes camelos da Palavra de Deus. As Escrituras não estão aí para serem engolidas [destruídas] ou forçadas dentro de um molde teológico preconcebido, mas [as Escrituras estão aí]  para serem aceitas e cridas. O que quer que signifique a divina eleição (e  ela é certamente uma doutrina importante e freqüentemente ensinada da Palavra de Deus), ela não pode significar aquilo que o calvinismo conclui [por raciocínio humano], pois aceitar essa posição requer que se coem [adotem] as [pequenas] moscas e se engulam [destruam] os [grandes] camelos, e Jesus forçosamente condenou essa prática.

Para mais sobre esse assunto, navegue pelas páginas abaixo:

O Debate Calvinista em http://www.wayoflife.org/fbns/calvinismdebate.html 
[em 2008 deverá estar traduzido em http://solascriptura-tt.org/SoteriologiaESantificacao]
Refutação de Dave Hunt sobre o calvinismo – http://www.wayoflife.org/fbns/davehunt-calvinrefutation.html [idem]

David Cloud,
Fundamental Baptist Information Service, P.O. Box 610368, Port Huron, MI 48061, 866-295-4143, [email protected]

Tradutora: Jeanne Borgerth Duarte Rangel

[Hélio acrescentou algumas explicações, entre colchetes]

Nota de Hélio: Embora eu discorde do calvinismo, discordo ainda mais do arminianismo, e, assim, discordo profundamente de alguns argumentos usados por Cloud (que me surpreendeu, pois acho que ele também despreza o arminianismo), particularmente os argumentos baseados (erroneamente) em Heb 3,4,6. Quanto a estes versos de Heb usados por ele, ver minhas anotações emhttp://br.geocities.com/lttanotada/